É natural oferecer alimento 100% vegetal a cães e gatos?

A definição natural aplicada aos alimentos tem múltiplos significados, mas são pouco consistentes.

Um alimento natural pode ser entendido como um alimento que não foi transformado, bem como um alimento que não contém hormonas, antibióticos, corantes, conservantes ou aromatizantes que não estavam originalmente na comida. Mas quando se pergunta à população em geral o mais comum é entendê-lo como um alimento que não contém substâncias artificiais. O mais importante destas pesquisas sobre alimentos "naturais" na população era que tinham preferência na hora de comprar em relação àqueles que contêm esta palavra.

"O natural está na moda" e com base nisto muitas empresas utilizam-no como estratégia de marketing, seja na sua estratégia de comunicação com os clientes seja na embalagem dos produtos.
Existe uma lei, que também é constantemente actualizada, para o controlo da rotulagem dos alimentos para cães e gatos, mas se verificarmos o rótulo por rótulo, perceberíamos que as empresas de petfood, em geral, não o levam muito a sério e que os rótulos não cumprem a legislação. Felizmente, está a ser dada cada vez mais atenção aos organismos que a regulam.
Além disso, é cada vez maior o facto de tudo ser revestido com selos, selos esses que, muitas vezes, são simplesmente obtidos mediante o pagamento de uma taxa.

Mas o que há de natural em dar um alimento ou outro então?

Decidimos sobre muitas áreas da vida dos nossos colegas, pois são animais domésticos e dependem de nós para terem a vida que merecem. Entre todas essas decisões não há nada de natural, decidimos que vivam em casas em vez de em bosques, porque os bosques já não são seu habitat; decidimos que horários vão ter, ao igual que os temos nós; decidimos se jogam com raspadores ou bolas, não têm árvores nem perseguem animais selvagens; os nossos companheiros têm vidas condicionadas pelas nossas decisões e não é diferente quanto à sua alimentação.

A alimentação dos nossos colegas deve ser o mais saudável possível, completa, deve conter todos os nutrientes de que necessitam e não deve conter substâncias que representem um risco para a sua saúde. Neste sentido vai nossa aposta pelo natural, combinar ingredientes vegetais, que contenham todos os nutrientes que necessita o organismo de nossos companheiros em função de sua espécie e de suas necessidades individuais, e adicionar todos os ingredientes que podem trazer um extra à sua saúde, saúde da sua pele, do seu sistema urinário, do seu sistema digestivo ou das suas articulações. No mundo vegetal há um monte de ingredientes capazes de cumprir todas essas funções. E sim, há nutrientes que ou não estão no mundo vegetal ou não nas quantidades suficientes e são adicionados durante a produção do alimento.

Mas então um alimento 100% vegetal carrega coisas que não são naturais e não é natural usá-lo?

Realmente, alimentar cães e gatos sem estes suplementos é o menos perigoso, em humanos nos meteram o iodo no sal porque o necessitamos, agora a B12 ou a vitamina D se abrem passo quanto a necessidades nutricionais em humanos não cobertas, E encontramo-las numa multiplicidade de alimentos considerados saudáveis, por exemplo, em cereais.

Por que razão pensamos que os nossos colegas não merecem que completemos a sua alimentação, tal como fazemos com a nossa, e que se faz em alimentos não vegetais? É comum relacionar este fornecimento de nutrientes com alimentos deficitários, mas devemos entender que é o contrário.

Um alimento corretamente formulado e suplementado é a melhor alimentação que podemos oferecer aos nossos companheiros, e que seja 100% vegetal é tão natural como oferecer-lhes qualquer outro tipo de alimentação, já que as espécies selvagens de que descendem se alimentam de outros animais, cadáveres ou frutas e plantas que actualmente não lhes podemos oferecer como animais domésticos que são.

María González Sola.
Co-fundadora do Refugio la vida color Frambuesa e responsável pelas consultas veterinárias de VeggieAnimals.