INTRODUÇÃO DE DIETA VEGAN EM CÃES

Alimentar os nossos companheiros de quatro patas de forma 100% vegetal implica uma responsabilidade da nossa parte. Tal como com qualquer outra alimentação, devemos fazer um período de adaptação de uns 5 dias se for um animal saudável, e mais prolongado se suspeitarmos que pode ser intolerante a algum ingrediente ou se se deve avaliar algum outro parâmetro durante a transição da sua ração para a nova.

A adaptação pode ser rápida, simples e muito positiva ou custar um pouco mais. Isto vai depender do indivíduo e da dieta que comia anteriormente. Normalmente, quando há problemas de aceitação de uma ração 100% vegetal como da VeggieAnimals, que não tem aromatizantes artificiais, deve-se ao facto de a sua alimentação anterior os ter, e todos nós temos dificuldade em nos habituarmos a outros sabores e outras texturas.

Recomendamos que as mudanças de alimentação sejam sempre feitas em períodos em que o cão esteja saudável, ou apresente algum problema crónico de saúde e estiver estável, e se tiver algum problema que lhe cause stress (mudança de casa, chegada de um novo membro à família, etc.) que se resolva antes de iniciar a mudança de ração.

Tenham em conta que, para a maioria dos indivíduos, uma mudança de alimentação não é um motivo de stress, mas há cães mais sensíveis e devemos sempre evitar na medida do possível que se juntem várias mudanças no tempo.

O que devemos saber sobre as dietas vegans em cães?

Para os cães, existem 10 aminoácidos essenciais, os 9 de que todos os mamíferos precisam, mais a arginina, por isso, é de importância vital termos estes dados em conta na fórmula.

Além dos aminoácidos que formarão as proteínas, há outros nutrientes essenciais, como gorduras, vitaminas e minerais, que devem estar presentes no alimento que oferecemos aos nossos companheiros, pois o défice de nutrientes essenciais pode causar doenças por vezes irreversíveis.
 

Que benefícios pode ter uma alimentação 100% vegetal em cães?

As dietas 100% vegetais, por não conterem proteínas de origem animal, são consideradas hipoalergénicas pois a maior percentagem de problemas de alergias alimentares ocorre devido a proteínas de origem animal (vitela, frango, peixes, ovos e lácteos).

As rações vegetais corretamente formuladas e elaboradas são de fácil digestão e aportam todos os nutrientes para que os nossos companheiros desfrutem de uma boa saúde, apresentando uma pele e um pelo saudáveis e brilhantes.

Além disso, por serem produtos saudáveis sem aditivos, nem substâncias nocivas, o organismo não desencadeia reações inflamatórias exageradas, sendo muito benéfico para animais com reações alérgicas severas, problemas de artrose ou outras doenças em que intervenha o sistema imunitário (como por exemplo, o lúpus).

O que fazer se o seu cão não come uma alimentação 100% vegetal com gosto ou não come a quantidade indicada para o seu peso e/ou a sua atividade?

Deixar que passe fome porque “há de comer” não é uma opção válida para nós, por isso, recomendamos sempre recorrer a “temperos” e técnicas de persuasão para conseguir que o seu companheiro, não só coma, como também desfrute!

As técnicas de persuasão são todas as ferramentas que usamos para que o nosso companheiro associe a comida a algo positivo (eu sei, para quem vive com cães com ansiedade pela comida, isto é chinês, mas depois falamos do vosso caso que seria o outro extremo na relação com a comida).

Para os convencer a comerem com gosto, por vezes, basta hidratar as bolinhas com água quente terem um cheiro mais intenso, e serem mais fáceis de mastigar, outras vezes, podem fazê-las em puré ou começar com os temperos. Os “temperos” são diferentes ingredientes que podemos juntar à ração para lhes chamar mais a atenção e ser mais agradável comer.

Os temperos podem ser um pouco de óleo cru (azeite, girassol, coco ou linhaça, 1/ 2 colher para cada 10 quilos), uma mão-cheia de levedura de cerveja, uma erva aromática, um pedacinho de fruta ou legume de que gostem (nunca uvas, tomate em excesso, frutos secos ou cebola), também podem juntar caldo de legumes (tenham em atenção para ter muito pouco sal e sem gordura nem cebola), ou arroz, massa, batata, batata-doce, mandioca, curgete, abóbora ou outras verduras ou legumes de que gostem cozinhados (lembrem-se, sem gordura e com pouco sal sempre), se nem assim, podem continuar a tentar com alimentos de consumo humano como enchidos vegetais, tofu ou seitan, mas em quantidades muito pequeninas, o suficiente para dar algum sabor diferente à ração.

O que fazer se o seu cão tem sempre fome e come com ansiedade?

Para reduzir a ansiedade pela comida, existem diversas técnicas, normalmente, está associado a animais com altos níveis de atividade e problemas de gestão de situações, por isso, roubam comida e são animais mais mexidos do que o normal.

Para descartar problemas de comportamento, o melhor é levá-lo a um etólogo e ao veterinário para descartar doenças em simultâneo com polidipsia.

Se tivermos descartado tudo isto, o etólogo pode-nos indicar formas de gerir, por exemplo, dividir a sua porção em várias tomas, dar-lhe a comida através de brinquedos interativos para exercitar o corpo e a mente e baixar os níveis de stress, ou dar sempre as tomas às mesmas horas para saberem que vão ter sempre o prato à mesma hora (o tema dos horários é controverso, mas geralmente, é melhor existirem).

Para evitar ingerir a ração sem mastigar, pode-se juntar um copo de água para que as bolas flutuem e o cão tenha de as apanhar uma a uma ou, pelo menos, seja mais difícil apanhar demasiadas de uma só vez. Também podem usar malgas interativas ou anti-ansiedade para evitar que se engasguem ao comer a ração.

Se alguém vos questionar a decisão de fazer esta mudança, lembrem-se que não estamos a fazer nada diferente do que fazíamos antes ou do que fazem o resto dos responsáveis por cães, simplesmente a dieta que lhes damos não contém outros animais, mas os cães que consomem rações de carne não estão melhor alimentados, a maioria das rações de carne contêm hormonas, subprodutos, aditivos tóxicos e muitos deles estão descompensados em nutrientes. As dietas 100% vegetais são formuladas para salvar vidas, o negócio não é o principal nelas, mas sim a saúde dos nossos companheiros de quatro patas e a vida dos animais que não morrem para os alimentar.


María González.
Fundadora do Refugio La Vida Color Frambuesa e veterinária da VeggieAnimals.