Qual é a origem do veganismo?

Embora existam provas de pessoas que rejeitavam o consumo de produtos de origem animal há mais de 2000 anos, não é claro se essas pessoas simplesmente não consumiam carcaças de animais ou produtos que implicassem sofrimento. 

Assim, temos de viajar até 1944 para conhecer o homem que cunhou o termo. Trata-se do ativista Donald Watson, que, juntamente com mais de uma dúzia de outros activistas, decidiu distanciar-se do vegetarianismo e cunhou este termo para os diferenciar. Donald foi também o fundador da The Vegan Society no Reino Unido.

Donald Watson e o veganismo.

Donald Watson, juntamente com colegas como Elsie Shrigley, tinha pedido à The Vegetarian Society que criasse uma secção para aqueles que também não consumiam produtos lácteos. Perante a sua recusa, acabaram por se organizar para criar a The Vegan Society, uma associação que rejeitava todas as formas de abuso e sofrimento dos animais.

Quem foi Elsie Shrigley?

Sabemos menos sobre Elsie Shrigley, mas ela foi presidente da The Vegan Society depois de Donald Watson e foi pioneira na criação do primeiro guia para facilitar a transição para o veganismo, o "Animal Free Shoper". Outros colegas envolvidos na formação da The Vegan Society foram igualmente importantes na divulgação do veganismo. Leslie Cruz criou uma empresa de leite de soja e mais tarde definiu o termo veganismo, Fay Henderson e Eva Batt escreveram sobre teoria, deram cursos de culinária e criaram receitas, e tantos outros que tornaram possível o crescimento deste movimento.

Definição de veganismo.

Em 1951, Leslie Cross considerou necessário dar um significado à palavra veganismo que não levasse à confusão. Ele define o objetivo da The Vegan Society como sendo "pôr fim à exploração dos animais pelo homem" e, portanto, a palavra veganismo significará "a doutrina de que o homem deve viver sem explorar os animais". A Vegan Society compromete-se "na prossecução dos seus objectivos" a procurar "pôr fim à utilização de animais pelo homem para alimentação, transporte, trabalho, caça, vivissecção e todas as utilizações que envolvam a exploração da vida animal pelo homem".

The Vegan Society.

Finalmente, a The Vegan Society define o veganismo como "um modo de vida que procura excluir, tanto quanto possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais para alimentação, vestuário ou qualquer outro fim".

No resto do mundo, o veganismo enraizou-se ao longo dos anos, tendo surgido as seguintes sociedades veganas em 1948 nos Estados Unidos, 1950 na Alemanha, 1956 na Índia e a Associação Vegana Espanhola criada em 1993.

Evolução do veganismo.

Ao longo das décadas, o veganismo evoluiu e ganhou popularidade em todo o mundo, atraindo pessoas por razões éticas, ambientais e de saúde. Vejamos como evoluiu ao longo das décadas desde o seu início, embora a sua integração em diferentes países e culturas possa levar muitos anos a recuperar. 

Décadas de 1960-1970: O veganismo ganhou força nas décadas de 1960 e 1970, juntamente com o movimento hippie e os ideais da contracultura. A consciencialização para os direitos dos animais e as preocupações ambientais também se intensificaram durante este período.

Década de 1980: A década de 1980 assistiu a um aumento da consciencialização pública sobre saúde e nutrição, o que levou a uma maior atenção às dietas à base de plantas. Algumas celebridades começaram a adotar dietas veganas, ou pelo menos a usar a palavra vegan (uma vez que mais tarde deixaram de ser veganas ou eram mesmo consumidoras de produtos animais durante este período), mas a popularização do termo ajudou a aumentar a visibilidade do movimento.

Década de 1990: O veganismo continuou a crescer, com um foco renovado na sustentabilidade e na ética. Alguns produtos veganos começaram a aparecer nas prateleiras dos supermercados, facilitando a transição para um estilo de vida vegano.

Década de 2000: No século XXI, o veganismo registou um boom considerável. Houve um aumento da disponibilidade de alimentos veganos em restaurantes e supermercados, bem como uma maior consciencialização do impacto ambiental e ético da produção de alimentos de origem animal. As redes sociais desempenharam um papel crucial na divulgação de informação e na criação de comunidades veganas em linha.

Últimas duas décadas: Até hoje, o veganismo tornou-se um fenómeno global. Cada vez mais pessoas adoptaram uma dieta vegana por razões éticas, ambientais e de saúde. A indústria alimentar respondeu à crescente procura com uma grande variedade de produtos veganos, desde alternativas à carne a produtos lácteos e gelados sem ingredientes de origem animal.

Com o avanço da tecnologia, estão a surgir alternativas inovadoras aos produtos de origem animal, como carnes e lacticínios à base de plantas e produtos desenvolvidos em laboratório. Estas opções tecnológicas alargaram ainda mais as possibilidades para aqueles que procuram seguir uma dieta vegana.

A evolução do veganismo tem sido um processo gradual e, embora seja influenciada por uma combinação de factores éticos, ambientais e de saúde, bem como por mudanças na disponibilidade e aceitação de opções veganas na sociedade, não podemos esquecer que o veganismo é para e pelos animais, embora indiretamente nós, humanos, também tenhamos benefícios ambientais e de saúde.